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Indicadores revelam limite de esforço em jogadores de futebol

Pesquisa realizada com jogadores profissionais de futebol na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) aponta que existe relação direta entre o limiar ventilatório Dois (LV2) e o consumo máximo de oxigênio (VO2max) para prever a tolerância ao esforço físico. O trabalho demonstra que o bom desempenho nos dois indicadores é essencial para que os atletas consigam jogar os 90 minutos de uma partida, com regularidade e sem cansaço excessivo. O estudo foi realizado pelo fisiologista do exercício Paulo Roberto dos Santos-Silva, do Laboratório de Estudos do Movimento do Grupo de Medicina do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP.

Consumo máximo de oxigênio ajuda a repor energia estocada nos músculosParticiparam da pesquisa 60 atletas profissionais de futebol, que atuavam na primeira divisão do Estado de São Paulo durante o período em que foi realizado o trabalho. Os testes aconteceram em laboratório, com os jogadores se exercitando em uma esteira. “Cada atleta tinha acoplado ao corpo um analisador metabólico computadorizado, conhecido como MedGraphics”, relata Silva. “O aparelho permite analisar as trocas de gases milimetricamente durante cada respiração”. O LV2 indica o ponto de transição do metabolismo aeróbio para o anaeróbio, ou seja, até o LV2 com oxigenio e acima do LV2 sem oxigênio.

O fisiologista explica que os jogadores durante uma partida oscilam entre os dois metabolismos (aeróbio e anaeróbio), fazendo movimentos muito intensos em um curto período de tempo, como em uma corrida rápida pelo campo (sprint). “Existe a crença de que o metabolismo aeróbio seria menos importante, porque o futebol vem sendo jogado com mais velocidade”, afirma. “Na verdade, ambos os índices são dependentes entre si, já que o consumo máximo de oxigênio é importante para o organismo repor a energia estocada nos músculos, na forma de fosfatos (ATP/CP) para os deslocamentos curtos e de alta velocidade”.

A pesquisa verificou que existe correlação entre limiar ventilatório dois e o consumo máximo de oxigênio em jogadores de todas as posições – zagueiros, laterais, meio-campistas e atacantes. “Como no futebol os movimentos são intermitentes, e não contínuos, o atleta depende de ambos os parâmetros para manter uma alta intensidade de movimentos sem se cansar rapidamente”, explica o pesquisador. “O estudo não incluiu os goleiros porque o método de treinamento físico é diferente dos atletas de linha”.

Metabolismo
A prática prolongada de movimentos de alta intensidade, conta Silva, aumenta o metabolismo anaeróbio láctico, que leva a produção de lactato, causadores de fadiga muscular quando acumulado no músculo em alta concentração. “O metabolismo aeróbio remove com mais velocidade o lactato”, observa. “Logo, se há um baixo consumo de oxigênio, o jogador não consegue se recuperar do cansaço de modo satisfatório, pois o jogo quase não para”.

De acordo com o fisiologista, o resultado da pesquisa ajuda a derrubar um paradigma existente entre profissionais de preparação física no futebol, segundo o qual o consumo de oxigênio é menos importante do que o limiar dos atletas. “O jogador que não consegue ter um bom VO2max dificilmente consegue jogar os dois tempos de uma partida com a mesma regularidade e desenvoltura durante toda a partida”, aponta. “Há uma resistência a treinos contínuos, porque acredita–se que o atleta vai ficar mais lento em campo. Contudo, a ciência já demonstrou que os treinos intervalados, com piques de 1.000 a 1.200 metros no ponto do LV2 trabalham muito bem o metabolismo aeróbio, ganhando rápido aumento desse consumo de oxigênio”.

Silva lembra que alto índices de LV2 e o VO2max são parâmetros de saúde importantes para todas as pessoas, mesmo entre aquelas que não são esportistas. “Um trabalho de condicionamento físico supervisionado, de três a quatro vezes por semana, já traz melhoras”, afirma. “O maior consumo de oxigênio favorece o coração, os pulmões e os músculos e aumenta o limiar, o que é importante no ponto de vista da saúde”.

A pesquisa é descrita na tese de doutorado de Paulo Roberto dos Santos Silva, apresentada em setembro de 2009 e orientada pela professora Julia Maria D’Andrea Greve, da FMUSP. Os testes aconteceram no Grupo de Medicina do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. Em outubro do ano passado, o Grupo tornou-se o primeiro centro de excelência na área de medicina do futebol credenciado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) na América Latina, e o décimo primeiro em todo o mundo.

Mais informações: fisiologistahc@uol.com.br
fonte:http://www.usp.br/agen/?p=21592

Impacto de um programa de exercicíos no local de trabalho sobre o nível de atividade física e o estágio de prontidão para mudança de comportamento

OBJETIVO: Verificar o impacto de um programa estruturado de atividade física no local de trabalho, sobre o nível de atividade física e o estágio de prontidão para mudança de comportamento visando a um estilo de vida ativo. MÉTODOS: O programa de atividade física foi estruturado em sessões práticas e palestras de 10 minutos oferecidas no local de trabalho. De junho a dezembro de 2006, foram avaliados 46 funcionários administrativos de uma empresa da cidade de São Paulo, randomizados em 3 grupos, cuja participação sugerida no programa foi 2, 3 ou 5 vezes semanais. Como desfechos: a) o nível de atividade física foi abordado por meio de questionário (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ Longo) e pedômetros; b) o estágio de prontidão para a prática de atividade física foi estimado usando um questionário de estágios de comportamento baseado no modelo trans-teórico adaptado para a prática de atividade física. Cada variável de desfecho foi avaliada antes da intervenção, 90 e 180 dias após o início, com comparações feitas por meio de testes não paramétricos de Friedman e Wilcoxon, considerando nível de significância p<0,05. RESULTADOS: Os resultados revelaram aumento estatisticamente significante do tempo referido de atividade física desenvolvida no trabalho, ao final de 180 dias (p< 0,0001) e no tempo total de atividade física de caminhada, ao final de 180 dias (p= 0,020), porém sem impacto nos outros domínios do IPAQ (lazer, transporte, tarefas domésticas) e no tempo de atividade física total dos participantes (caminhada + moderada + vigorosa), incluindo as medidas do pedômetro. Notou-se também uma tendência a uma progressão dos indivíduos para estágios de comportamento mais avançados para a prática de atividade física, porém sem significância estatística. CONCLUSÃO: Conclui-se que a intervenção foi bem sucedida em aumentar o tempo de atividade física dos trabalhadores no local de trabalho, porém não foi capaz de impactar significativamente os estágios comportamentais e o tempo dedicado à atividade física total

Fonte: Rodrigues, Ana Lucia Aquilas